segunda-feira, 4 de maio de 2009

Amar para Humanizar

Antes de tudo, devemos usar a palavra Humanismo no plural, pois na verdade existem humanismos. Tem-se o Clássico, o Cristão, o Moderno, Renascentista, Contemporâneo etc. Sobretudo, caracteriza-se como toda e qualquer doutrina que atribui ao homem algo peculiar e específico em relação aos outros seres do Multiverso.

Assim sendo, segundo Nogare, há três sentidos básicos que devem ser atribuídos a palavra Humanismo. O primeiro deles é o histórico-literário que consiste no estudo dos grandes autores da cultura clássica, tanto grega quanto romana; o segundo sentido seria o especulativo-filosófico que, numa visão macro, caracteriza-se por todas as teorias que tentam explicar a origem, natureza, destino humano; por fim, temos o terceiro sentido, ético-sociológico, sendo algo mais prático, fugindo das teorias meramente utópicas, pois segundo Marx, os filósofos não devem se contentar em apenas contemplar o mundo. Não obstante, um humanismo “puramente teórico pode se tornar o ópio dos intelectuais e a traição do homem, sobretudo dos homens que ainda não conseguiram desfrutar da condição humana”

Confesso que isso tudo soa muito abstrato, pois o homem na sua concretude vive em família, em sociedade, ou seja, em convivência com outros, devendo dessa maneira, ser tratado como fim. Não desrespeitar ou lesar o Outro necessariamente não caracteriza o absoluto e nada mais é do que uma forma puramente negativa de reconhecer o próximo. O valor real do ser humano não pode ser tolhido, contudo deve ser afirmado pelas relações intersubjetivas nas interpelações face-a-face. Este caráter positivo do humanismo só pode ser realizado na medida em que amamos o nosso semelhante, pois “o homem, pelas suas faculdades espirituais, é essencialmente abertura, comunicação, dom em si. É, portanto, só amando que ele se realiza como homem e é homem na medida em que ama”

Se querer o Outro como fim é amá-lo, quer-se também a sua máxima realização, ou seja, um efetivação de todas as suas potencialidades, pretensões e, sobretudo, de sua liberdade. Desde tempos imemoriais o homem tem consciência de seu alvedrio e tenta reafirmá-lo de todo jeito, hoje mais do que nunca. Assim sendo, os Humanimos possuem o intuito de valorização do homem em detrimento a todos os bens mundanos, tais como: trabalho, dinheiro, credo, raça etc. Tal valoração do humano está basicamente no amor pelo outro e no reconhecimento de sua liberdade.

Por fim, tomei a liberdade de modificar uma citação de Santo Agostinho para que possa refletir fidedignamente a intenção desse texto:

nós (re)conhecemos na medida em que amamos

__________________
Referência:
NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e Anti-Humanismos: Introdução à Antropologia filosófica. 13 ed. Petrópolis, Vozes: 1985.

Um comentário:

Plena Bola disse...

É sempre bom lembrar esses nossos valores essenciais, que são indispensáveis para nossa boa convivência social, além de nos ajudar a combater o individualismo, que pouco tem a acrescentar em nossa vida.

parabéns pelo blog.